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Em Vila Velha, a nova cozinha do caranguejo
Para aproveitar Vila Velha, na região metropolitana de Vitória, no Espírito Santo, sempre foi preciso apreciar suas belas praias, como a de Itapuã ou do Moreno, conhecer a história do lugar em uma visita ao Convento de Nossa Senhora da Penha, na capital, e experimentar a gastronomia local. Neste último quesito, o Caranguejo do Assis, especializado em frutos do mar, está se tornando referência como um dos restaurantes mais famosos do estado.
O estabelecimento, que começou em 2001, é hoje ponto de encontro dos apreciadores do crustáceo que dá nome ao bar. Acompanhado de molho vinagrete, farofa e uma “pimentinha” para realçar o sabor, o caranguejo é a grande atração do local. E não é só o prato principal que atrai o público que lota a casa de segunda a segunda. Segundo o proprietário, Francisco de Assis, um bom atendimento, sorriso no rosto, ambiente familiar e a satisfação dos clientes são os segredos do sucesso.
Francisco Assis, proprietário do restaurante
Quem olha hoje para a fama do Caranguejo do Assis talvez não se dê conta que tudo foi conquistado com bastante esforço e dedicação, afinal “trabalhar não mata ninguém”, como gosta de repetir Assis. O empresário, de ala rápida e direta, é um empreendedor nato. Enquanto conta sua trajetória de sucesso, parece se divertir relembrando casos e histórias, com a certeza que fez as escolhas certas nos momentos oportunos.
Além disso, possui as características necessárias de um empreendedor de sucesso: tem carisma, iniciativa e perseverança. “Aos nove anos, já gostava de trabalhar para comprar minha própria bala”, diz. Ao lado de seis irmãos, foi criado pela mãe, que trabalhava como diarista para manter as despesas de casa. Vendo a luta diária da matriarca, percebeu que a batalha teria que começar cedo. Foi vendedor de picolé e de jornal nas ruas da Grande Vitória.
Aos 17 anos entrou no setor de alimentação fora do lar como garçom no antigo restaurante Cabral 1500, na praia do Canto. Passou mais dez anos no Bar do Amigão, na praia de Camburi, sendo cinco anos como garçom e o restante como gerente – experiência determinante para a decisão de começar o seu próprio negócio. “O antigo proprietário já estava cansado do restaurante. Enxerguei ali uma oportunidade. Entrei, gostei e “toquei o barco”, conta.
Para fazer os investimentos necessários, vendeu uma moto e usou o dinheiro para comprar panelas, camarão, caranguejo e pagar o aluguel de um espaço de 60m². Mais que apoio, se cercar de pessoas confiáveis se mostrou uma escolha certa, já que o trabalho da esposa e dos filhos, na época com 12 e 14 anos, foram essenciais para o crescimento do bar. “Vi que tinha uma brecha no mercado, daí a escolha do caranguejo como prato principal. O cardápio hoje contempla praticamente tudo que é frutos do mar, desde moqueca até casquinha de Siri, passando pela parte da gastronomia japonesa, o Caranguejo San”, diz.
O Caranguejo San, casa especializada em iguarias orientais, como sushi e sashimi, fica ao lado do Caranguejo de Assis. A cozinha quente por sua vez traz pratos exóticos à base de lula e camarão. “É preciso encontrar nichos. A gastronomia japonesa possui excelente aceitação do público e agrega valor ao negócio”. A casa hoje possui 80 funcionários e recebe ao longo dos finais de semana, cerca de mil clientes. No verão, mais de 12 mil crustáceos por mês saem das panelas da casa.
Os caranguejos são trazidos vivos em remessas diárias da Bahia e do próprio Espírito Santo. “Meus filhos hoje tocam a casa praticamente sozinhos. É muita coisinha chata para e olhar: impostos, fornecedores. Por isso digo que uma andorinha sozinha não faz verão. Você tem que contar com o apoio das pessoas certas para focar no que é importante: criar um ambiente familiar para os clientes. O segredo está aí”.
Apostar em vários segmentos é uma estratégia seguida por Assis. A casa fica aberta para almoço, happy hour e jantar, e possui uma área de recreação com brinquedos como hóquei de mesa e totó, além da presença de uma profissional especializada para entreter as crianças. Sobre os desafios de gerenciar um caso de sucesso, Assis procura não se desanimar com a crise que o País atravessa, que, segundo ele, espantou 50% da clientela, fazendo com que o cardápio sofresse uma variação, já que os custos dos insumos não baixaram.
Ainda sim, os anos de experiência como garçom e gerente servem como treinamentos semanais para que a equipe de colaboradores não se abata. “O importante é o sorriso no rosto e a satisfação dos clientes”, repete.
Fonte: Revista Bares e Restaurantes